O ATALHO
Andando para casa numa maravilhosa manhã, Nasrudin achou que seria uma boa ideia pegar um atalho pelo bosque. "Por que", perguntou a si mesmo, "caminhar por uma estrada poeirenta quando posso estar em comunhão com a natureza, escutar os pássaros e olhar as flores? Este é, de fato, um dia especial; um dia para empreendimentos afortunados!"
Assim dizendo, ele se lançou bosque adentro. Não havia ido muito longe, entretanto, quando caiu num fosso, onde ficou deitado refletindo.
"Não é um dia tão afortunado, afinal", meditou. "Na verdade, ainda bem que peguei esse atalho. Se coisas assim podem acontecer num cenário bonito como esse, o que não teria me acontecido naquela estrada abominável?"
Shah, Idries. As façanhas do incomparável Mulá Nasrudin. Tradução: Fernanda Miguens. Rio de Janeiro: Roça Nova, 2011, p.111.